| O romance O fiel e a pedra, de Osman Lins, publicado em 1961, configura-se um marco no conjunto da obra do escritor pernambucano, sob diversos aspectos. Todavia, uma análise crítica do livro apresenta-se como um desafio em função da escassez de estudos voltados ao mesmo. A leitura de O fiel e a pedra possibilita observar possíveis relações e tensões entre a tradição da literatura regionalista e a busca por inovação vanguardista, que caracterizaria a prosa ficcional osmaniana a partir dos contos que compõem as narrativas de Nove, novena, publicado em 1966. Pretendemos, assim, analisar os possíveis diálogos da narrativa osmaniana com a tradição do romance regionalista nordestino, em especial, o chamado Romance de 30; e como as ideias de Metamorfose e Escritos de bordejar, referidas pelo próprio escritor em relação a sua obra ficcional, possibilitariam interpretá-la. Apresentamos um resumido cenário artístico-cultural-literário brasileiro, na década de 1960, como ponto de partida para entender as tensões entre tradição e vanguarda na literatura brasileira. Abordamos a história de Bernardo e Teresa no Engenho Surrão através da relação entre Memória e Ficção na construção do romance. A memória trabalhada como ficção serviria como elemento harmonizador da complexidade que envolve a narrativa osmaniana. Enquanto a tradição, no romance, estaria relacionada à cultura popular, à épica clássica e ao Romance de 30; a vanguarda estaria na própria construção da narrativa que cria redes de significados que entrelaçam estrutura, enredo e personagens, característica da ficção posterior do escritor. Em O fiel e a pedra Osman Lins trouxe para a literatura brasileira uma renovação estrutural do romance regionalista e possibilitou a abertura experimental e inovadora de sua obra. Agradecemos à CAPES o financiamento que possibilita essa pesquisa. |