| Com a ampliação da noção de patrimônio cultural em meados da década de setenta, as políticas patrimoniais sofreram uma significativa mudança. A incorporação da idéia de patrimônio imaterial que veio substituir a hegemonia da %u201Cpedra e cal%u201D reorientou consubstancialmente as práticas preservacionistas. No Ceará, o que movimentou significativamente as políticas culturais do Estado foi a necessidade de evidenciar e salvaguardar a chamada cultura autêntica cearense, símbolo do %u201Ccearentismo%u201D ou identidade cearense. As orientações de indivíduos externos, as demandas do mercado e os cursos de formação de artesãos comprometiam a %u201Cautenticidade%u201D do saber-fazer popular e sua transmissão. Como resposta a essas inquietações, foi fundado o Centro de Referência Cultural do Ceará %u2013 CERES, vinculado à Secretaria de Cultura, com o objetivo de fazer um mapeamento e salvaguarda da cultura tradicional popular por meio do registro audiovisual, o que gerou uma vasta documentação para além deste suporte. Dentre toda a amplitude das fontes, optamos num primeiro momento por fazer o (re)conhecimento da trajetória administrativa (1976-1990), expressa na documentação escrita produzida pelo o CERES, hoje, sob a guarda do Arquivo Público do Estado do Ceará (intermediário). Tendo como objetivo entender a metodologia de registro do patrimônio imaterial aplicada pelo CERES, temos nos apropriado da prática do inventário como recurso para a elaboração de um catálogo que servirá de instrumento às futuras pesquisas e à valorização de um acervo histórico, igualmente um %u201Cpatrimônio documental%u201D. O entendimento da metodologia do CERES e a confecção do catálogo podem ser considerados objetivos parcialmente alcançados, pois a leitura que temos feito das fontes através de sua inventariação caracteriza-se como parte crucial da efetivação destes anseios. Esta pesquisa tem financiamento do CNPq. |