| O tema da infância tem despertado um grande interesse nos estudiosos que se preocupam com o quotidiano e com as questões referentes à dinâmica da vida social. Philippe Ariès, pioneiro na análise do tema – sua História social da criança e da família remonta aos anos 60 do século XX – mostrou que foi necessária uma longa evolução para que o sentimento de infância realmente se arraigasse nas mentalidades. Tais estudos oferecem-nos uma chave para a compreensão do espaço reservado à criança nas sociedades “modernas”, observando que é, em meados do século XVII, que se verifica uma ruptura, a qual vem a ser decisiva na emergência de toda uma gama de novos sentimentos em relação à criança. O presente trabalho, vinculado ao grupo de pesquisa Infância e Interculturalidade, coordenado pela Professora Dra. Fernanda Maria Abreu Coutinho, tem por objetivo analisar algumas das representações da infância na obra de Mario Quintana (1906 - 1994). Partindo da leitura de Sapato Florido (1948), obra na qual o poeta alegretense nos apresenta a personagem Lili, personagem infantil da qual se vale para explicitar as sutilezas existentes entre as percepções de mundo da criança e do adulto, pretende-se verificar o espaço destinado à criança e ao universo infantil, buscando, assim, uma melhor compreensão de seu fazer artístico bem como a contribuição de Quintana para uma conceituação sobre o tema da infância na contemporaneidade |