| À luz da análise crítica segundo a qual a realidade contemporânea está marcada por uma crise de caráter estrutural que atinge frontalmente o mundo do trabalho - crise que para a classe trabalhadora tem significado perda de emprego e/ou precarização do trabalho, debilitação da sua organização de classe etc -focamos nossa investigação nos discursos e nas ações voltados para os jovens trabalhadores provenientes das camadas populares. Nosso objetivo é o de demonstrar como as contradições do Estado capitalista se exprimem nas diretrizes e normatizações relativas ao trabalho do adolescente pobre, com vistas a contribuir para o desvelamento dos reais interesses que norteiam as ações socioeducativas para a juventude. Através de pesquisas bibliográfica e documental, bem como de participações em grupos de discussão sobre o assunto e entrevistas em diversos setores em que os programas acontecem, estamos analisando os programas desenvolvidos pela Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS): O ProJovem Trabalhador e o Programa Primeiro Passo. A nosso ver, face às carências sociais, e na ausência da atuação eficaz do poder público para favorecer condições de acesso e permanência de crianças e jovens no sistema educacional, os filhos das famílias pobres não dispõem de alternativas que não seja o trabalho precoce realizado em condições inadequadas à idade e ao desenvolvimento psicofísico e com precária remuneração. Com base no que até agora a análise nos propiciou, consideramos que faz-se necessário que as soluções para o problema do desemprego juvenil ultrapassem as políticas de qualificação de mão de obra e sejam comprometidas, fundamentalmente, com o desenvolvimento de políticas de emprego mais efetivas à integração dos jovens no mercado de trabalho. É claro que apenas essas medidas não resolverão os problemas, mas, certamente, constituem ações que podem vir a contribuir com as condições que permitam aos jovens trilhar um caminho profissional mais seguro. |