As mudanças econômicas, políticas e sociais que marcam o cenário mundial da atualidade, no contexto da crise estrutural do capital %u2013 termo utilizado por Mészáros (2002) para denominar uma crise profunda que atinge todas as dimensões da totalidade social %u2013 fez com que organismos mundiais (ONU, Unesco e Banco Mundial), implementassem um amplo processo de reformas educacionais, com intuito de tornar a educação mais eficaz em atendimento aos interesses de expansão do capital., constituindo-se assim, no Movimento de Educação para Todos (EPT) que estabelece paradigmas e diretrizes que mistificam a realidade e negam a transmissão dos conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade.. Em parceria com Banco Mundial e outros agentes do setor econômico privado, são organizados fóruns, conferências e congressos, onde são elaborados diversos documentos: relatórios de monitoramento global de EPT, declarações do grupo de Alto Nível do EPT, press releases. A partir de análise das declarações de avaliação final do grupo de Alto Nível, publicadas quase anualmente a partir de 2001, percebemos que a pretensão do Movimento ao delimitar metas e estratégias para uma possível universalização do ensino básico acaba resultando em repetições de temáticas abordadas, descumprimento dos prazos outrora estipulados e a reafirmação sistemática das metas de EPT. Suas ações que proclamam a universalização da educação nos países periféricos encontram-se vinculadas à necessidade de reprodução do sistema capitalista, uma vez que apregoam como função social da educação a superação dos problemas sociais e produção da pobreza. Nesse contexto, compreendemos que o conjunto de paradigmas e políticas vinculados à EPT, globalmente difundidos, contribuem para a execução de mecanismos reprodutores da lógica do capital. Por esse prisma, reafirmamos a necessidade de superação da forma de sociabilidade vigente, como condição da emancipação dos homens e, no limite, da plena universalização do ensino. |