| A escabiose é uma ectoparasitose causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei e transmitida por contato interpessoal direto ou indireto. Ainda que bastante comum no Brasil, a escabiose tem sido negligenciada como um problema de Saúde Pública em populações desfavorecidas. A infestação se caracteriza por prurido intenso e escoriações na epiderme, o que pode favorecer o surgimento de infecções por bactérias piogênicas. Neste contexto, destacam-se os estreptococos %u03B2-hemolíticos que, embora possam existir como comensais do trato respiratório superior de indivíduos saudáveis, são responsáveis por um amplo espectro de manifestações clínicas, como faringite e febre reumática. Baseando-se em carboidratos antigênicos da parede celular, os estreptococos %u03B2-hemolíticos são classificados em 14 grupos sorológicos, sendo o A, representado pelo Streptococcus pyogenes, responsável por 80% das infecções estreptocócicas humanas. Visando conhecer a freqüência de S. pyogenes em pacientes com escabiose em Fortaleza - Ceará, foi realizado um estudo prospectivo com 218 indivíduos residentes na comunidade do Morro Santa Terezinha, no período de junho de 2008 a julho de 2009. Foram coletadas 165 amostras de lesões de pele com escabiose e 50 de pele íntegra, as quais foram encaminhadas ao Centro Especializado em Micologia Médica (CEMM) para cultivo em ágar-sangue, por 24 horas, a 37°C em microaerofilia. Colônias com zona de %u03B2-hemólise foram testadas para presença da enzima catalase e coloração de Gram e, posteriormente, foi realizada a tipagem sorológica de cada cultura (Streptococal Grouping Kit, Oxoid). Foi isolado S. pyogenes em 3 amostras de pele com escabiose (1,78%) e em 2 de pele íntegra (4%). Embora S. pyogenes não seja o principal patógeno associado à escabiose na população estudada, o impacto da associação entre a bactéria e o parasita permanece pouco conhecido. |