O ponto de partida da pesquisa foi a crítica nietzscheana da racionalidade e da cultura ocidental e seus desdobramentos na Filosofia Contemporânea. Na primeiro momento, procuramos explicitar conceitos chaves como linguagem, verdade, poder, moral, consciencia, sujeito. Na etapa, concentramo-nos na obra de M. Foucault e na forma como ele reelabora a relação verdade/poder, discurso/linguagem/práticas de poder. Por inspiração nietzscheana, Foucault inaugurou um novo período na epistemologia ao investigar as relações instrasparentes e as clivagens entre formações discursivas, práticas de subjetividade e tecnologias de poder. A investigação foucaultiana das formações sociais modernas implica um movimento complexo em torno de três eixos fundamentais: a) a constituição dos saberes e dos grandes modelos epistêmicos; b) o desenvolvimento de tecnologias de poder que produzem não somente práticas de servidão e de lealdade, mas conformam o sujeito aos imperativos sistêmicos e econômicos da sociedade; c) e a forma como os indivíduos se reconhecem como os sujeitos, o modo como eles vivenciam sua própria subjetividade. Seguindo a trilha da crítica da razão e da noção de verdade aberta por Nietzsche, Foucault pretende captar genealogicamente a formação dos saberes que a constituem e a produção de sua ordem simbólico-discursiva, a análise das relações de poder e de suas tecnologias de dominação e as práticas de subjetividade específicas da modernidade ocidental. Foucault procurou explicitar o modo próprio de funcionamento e aparição do poder através de dispositivos, técnicas, normas e efeitos no campo da loucura, da psiquiatria, das práticas punitivas, da normalização dos comportamentos e da sexualidade. Essa pesquisa pretende mostrar que essas práticas formam um dispositivo de saber-poder que configuram a realidade social e a submetem a uma partilha entre o verdadeiro e o falso, o normal e o patológico, o permitido e o interditado, a segurança e o risco. |