Introdução: Há 2 décadas, estudos envolvendo carcinomas hepatocelulares (CHC) pequenos (menores que 2cm de diâmetro) provaram que eles representam entidade com características histológicas e biológicas diferentes dos CHCs clássicos. Esses tumores são tecido neoplásico bem diferenciado, tornando seu diagnóstico um desafio para o patologista. Entretanto, essas pequenas lesões são capazes de desdiferenciar e evoluir para o CHC clássico em curto espaço de tempo. Kojiro (2006) distinguiu 2 formas de CHCs pequenos: o vagamente e o distintamente nodulares, com menor e maior tendência à desdiferenciação, respectivamente. Sua detecção precoce é um bom fator prognóstico. Sendo a ultrassonografia abdominal pouco eficaz na detecção desses tumores, a dosagem de alfa-fetoproteína (AFP) sérica surgiu como alternativa no rastreamento e detecção precoce.
Objetivos: Correlacionar a presença, a quantidade, o tamanho e a classificação histológica de CHCs menores que 2 cm com os níveis séricos de AFP encontrados em pacientes portadores de CHC, submetidos a transplante hepático no Hospital Universtário Walter Cantídeo (HUWC).
Metodologia: Critérios de inclusão: pacientes do HUWC submetidos a transplante hepático, com CHCs menores que 2 cm, entre 2005 e 2009, confirmado por análise microscópica da produto da hepatectomia. Os dados clínico-laboratoriais foram coletados dos prontuários desses pacientes.
Resultados: Foram incluídos 34 pacientes. A presença e número de CHCs pequenos e os níveis de AFP encontrados não se correlacionaram, indicando a baixa sensibilidade da dosagem sérica de AFP nesses casos. O subtipo histológico também não se associou com os níveis de AFP. Houve associação entre os níveis elevados de AFP com CHC maior que 2cm.
Conclusão: a AFP não se mostrou eficaz na detecção de CHCs pequenos, que são relacionados com um melhor prognóstico. |