Resumos Aceitos pela PRPPG

XXIX Encontro de Iniciação Científica

A seca e a cidade: a formação da pobreza urbana em Fortaleza (1877-1915)

Área: História
Orientador: Frederico de Castro Neves
Autores Principais: Maria Zelia Marques da Silva, Berna Caroline Vasconcelos Nogueira
Co-Autores:
Apresentação: Oral   Dia: 21  Hora: 08:00  Sala: 01  Local: Didático do CC - Bloco:951, Térreo
Identificação: 2.1.22.012
Resumo:
O projeto busca examinar aspectos da formação da pobreza urbana em Fortaleza, entre os anos de 1877 e 1915, a partir da relação estabelecida entre a cidade e a crise periódica de escassez característica do semi-árido (seca). As migrações que os diversos momentos de seca proporcionam trazem para o universo urbano um contingente expressivo de camponeses que se deparam com novas estruturas de sentimentos e outras formas de organização social. A análise dos conflitos daí decorrentes permite entrever as formas culturais com que a população urbana e suas autoridades lidam com a pobreza e, ao mesmo tempo, as alternativas encontradas pelos retirantes para sobreviver neste novo mundo. A pesquisa encontra nas fontes de arquivo (ofícios, listas de trabalhadores, correspondências oficiais etc) evidências bastante ricas desses conflitos e dessas mudanças culturais na relação entre uma sociedade cristã, articulando-se em função da economia de mercado, e uma pobreza sempre crescente. Outras fontes são necessárias: jornais, romances, memórias, relatos de viajantes etc. No exame das fontes já coletadas, pode-se perceber as formas variadas de aprendizagem política e social dos camponeses-retirantes ao inserirem-se nas estruturas de assistência social montadas pelas autoridades. Por outro lado, é possível observar a relação contraditória estabelecida entre essas mesmas autoridades e os pobres no interior dos acampamentos improvisados e nas frentes de trabalho implementadas durante os períodos de migração. A cidade, portanto, vai se constituindo, pelo menos em parte, em função da chegada periódica desses camponeses arruinados, estendendo seus tentáculos urbanos (ruas, casas) e políticos (instituições, planos de assistência ou socorros públicos) no sentido do acolhimento ou, mais frequentemente, do isolamento e apartamento dos pobres.