| O presente trabalho tem como objetivo apresentar e analisar a filosofia da linguagem em Górgias, célebre sofista do século V a.C., inicialmente demonstrando que está tem um caráter central para a compreensão do pensamento deste sofista e que as consequências extraídas de tal centralidade são extremamente revolucionário aos padrões da época, isto em virtude do forte embate que os sofistas tinham, por um lado com os filósofos pré-socráticos e por outro com o próprio Sócrates. De sua filosofia da linguagem, na qual o discurso é definido tanto como “um jogo” quanto um “poderoso soberano”, Górgias articula uma concepção epistemológica em que a busca por uma verdade imutável é totalmente abandonada em virtude da impossibilidade de conhecer-se o mundo enquanto tal, restando aos indivíduos apenas o acesso aos vários discursos que se propõe a cerca do mundo e por fim deixar-se “iludir” por aquele que se manifestar como mais útil ao contexto social. As conclusões parciais de tal pesquisa apontam para um forte ataque a concepção onto-epistemológica instaurada por Parmênides de verdade como correspondência e que tem forte repercussão em toda a história do pensamento ocidental; deste modo a filosofia gorgiana seria a primeira forma de anti-eleatismo que, apesar de fortes e consistentes argumentos, foi sufocada e esquecida no curso da história em virtude da hegemonia do pensamento de Parmênides, Sócrates e seus herdeiros. A metodologia empregada nesta pesquisa concentrou-se na leitura, análise e exegese dos fragmentos textuais de Górgias e de Parmênides. Faz-se ainda o agradecimento a CAPES por fomentar a presente pesquisa. |