Introdução
Nelson Rodrigues escreveu 17 peças teatrais; destas, 12 trazem personagens mulheres no centro do conflito dramático. Nelson assim definiu sua dramaturgia:
...estou fazendo um ‘teatro desagradável’, ‘peças desagradáveis’. (...) E por que ‘peças desagradáveis’? Segundo já se disse, porque são obras pestilentas, fétidas, capazes, por si sós, de produzir o tifo e a malária na platéia.
Pestilentos o teatro de Nelson e a psicanálise de Freud; os dois expuseram os mecanismos e fantasias inconscientes. A psique feminina não escapa a esta exposição – antes a mobiliza.
O olhar de Nelson ultrapassou a superfície dos fatos para captar os desígnios inconscientes da constituição da mulher. Para a psicanálise, as questões referentes à feminilidade constituem-se como um campo fecundo de investigação.
Objetivo
Investigar, na dramaturgia de Nelson Rodrigues, os possíveis (dês)caminhos do tornar-se mulher, no sentido de compreender a construção da feminilidade a partir das mulheres do teatro rodriguiano.
Metodologia
Pesquisa bibliográfica, que tem como material de análise discursiva os diálogos e as rubricas das peças Vestido de Noiva, Dorotéia, Senhora dos Afogados e A Serpente. No campo da psicanálise, partiremos dos seguintes conceitos: desejo, diferença sexual, complexo de castração, complexo de Édipo, identificação e super eu.
Resultados
Nas duas peças analisadas, Vestido de Noiva e A Serpente, há uma separação entre o amor e o desejo sexual na experiência da feminilidade. Os mecanismos de identificação encetados pelas mulheres põem em jogo outra mulher, objeto de amor e rivalidade, como referência para a construção de sua feminilidade.
Conclusão
Na peça A Serpente, a demanda de amor configura-se como fundamental para que as duas personagens principais, irmãs, ganhem consistência de mulher. O sexo sem amor leva à tragédia.
Agradecemos à CAPES PROPAG.
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