| O presente trabalho visa discutir a migração cearense para a Amazônia a partir dos escritos de Rodolfo Teófilo e Euclides da Cunha. Pensar sobre a migração cearense por meio da produção intelectual destes escritores configura-se numa possibilidade de estabelecer paralelos entre as experiências sociais destes indivíduos, pensando a emergência do lócus social e de como articularam um conjunto de idéias que circulavam em fins do século XIX. A possibilidade metodológica de articulação entre História e Literatura faz-se na medida em que ambos lançam um olhar sobre determinado período a fim de construir uma interpretação sobre os movimentos humanos. A problemática inicial estabeleceu-se na percepção da migração cearense como pautada numa dicotomia de prisão/liberdade - inclusive como uma disputa entre os segmentos dominantes da sociedade cearense – onde o ato de migrar revestiu-se de tal carga simbólica que significou a disputa por uma visão “mais condizente com a realidade”, ou seja, as representações sobre o espaço cearense vinham, por um lado, marcadas pelo caráter de pobreza e carência de recursos para sobrevivência cotidiana, tendo como única solução a migração, e por outro lado, a conseqüente partida do torrão natal significando uma expatriação desnecessária, posto que o local de destino, a Amazônia, seria pior em termos e solidão e desestruturação identitária. Inicialmente percebe-se certa divergência entre as análises dos escritores. Euclides acredita que estes homens tiveram independência de escolher aquilo que consideravam mais propício para manutenção de sua vida, já Rodolfo Teófilo, mesmo observando que as péssimas condições sociais no Ceará configuraram como importante fator de saída de indivíduos pobres, observara o quanto fora decisivo a ação propagandista dos “paroaras”. O trabalho é desenvolvido com o financiamento através da bolsa PET/SESu.
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