| O presente artigo analisará a vida dos negros livres e libertos no sertão da pecuária, como uma espécie de filtro em que pudesse penetrar para compor um conjunto de ações desses sujeitos e assim ampliar o olhar para a temática, problematizando as temporalidades e espacialidades que se engendraram no cotidiano como estratégias de sobrevivências. Na trajetória da pesquisa com inventários, encontramos casos de negros com significativo patrimônio. É o caso de Manuel de Souza Leal, preto do gentio da Guiné, contratador das carnes da Villa de Sobral, porteiro do Juízo dos Órfãos, proprietário de terra, além de possuir comércio de gêneros e benfeitor da Irmandade do Rosário. Outros exemplos de negros libertos foi o de Manuel Gomes Correia do Carmo que fora professor na Vila de Sobral e de José Monteiro de Melo, proprietário de loja de secos e molhados, curral de peixes, escravos, terras e sítios. Estes exemplos devem ser considerados como exceção, pois, via de regra, em sua maioria os alforriados encontravam-se no rol de livres pobres, muito deles solicitando licença junto à Câmara para poderem vender seus produtos, em lojas ou publicamente, exercer sua profissão de seleiro, carapina, alfaiate entre outros. A partir disso, conclui-se que os negros livres e libertos buscavam uma oportunidade de ganho próprio. Estas histórias são fios que possibilitam compreender a vida de negros numa sociedade escravocrata. |