Em uma atmosfera de múltiplos estímulos visuais e advento de novas mídias, a fotografia assume outros papeis. Redes de relacionamento e microblogs são espaços de proliferação das incontáveis imagens que surgem a cada segundo, expondo a vida privada de milhões de usuários e seus perfis reais ou fictícios. O presente trabalho pretende analisar alguns aspectos dessas fotografias intimas, tentando compreender as características que elas adquirem no ciberespaços (mais especificamente em álbuns virtuais), a forma como os sujeitos e corpos estão implicados nelas e de que maneira estas imagens dialogam com a arte contemporânea.
Ao tentar retratar seu dia a dia colocando-se diante de uma câmera, publicando fotografias na internet, escolhendo legendas e abrindo espaço para comentários, as pessoas acabam construindo um grande mosaico de narrativas do indivíduo hipermoderno. Narciso angustiado, este encontra nas imagens uma válvula de escape para suas aflições e a possibilidade de encontrar seus semelhantes. Contudo, essas imagens não devem ser reduzidas a um simples desabafo. Há nelas uma linguagem própria, uma preocupação estética, escolhas alinhavadas por nossa cultura visual.
Para tentar compreender estes processos, utilizarei como metodologia o estudo de caso do Flickr (álbum vitual) de Tayná Borges, jovem brasileira residente em Belém - PA, que constrói uma espécie de fotodiário há pelo menos um ano. Pretendo analisar, em 10 fotografias, a forma com que Tayná apresenta seu corpo, seu quarto e sua relação com o ato fotográfico nessas imagens e como seu Flickr possui aspectos semelhantes a outros álbuns virtuais espalhados pela rede.
Finalmente, pretendo apontar como conclusão a construção de novas representações sociais da intimidade na fotografia contemporânea, onde as novas relações dos sujeitos com suas próprias imagens têm encontrado espaço para colocar-se no mundo. |