Após a queda do Estado Novo e da censura por este mantida, a atividade pública de militantes anarquistas no Brasil ressurge, através da revitalização ou criação de centros e grupos libertários, do reaparecimento de sua imprensa e de sua atividade editorial. A pesquisa proposta enseja a compreensão histórica da atuação de militantes libertários durante o período da chamada “redemocratização” pós-Estado Novo, sobretudo através de sua imprensa, enquanto instrumento de reorganização e reinserção pública dos anarquistas. A atividade periodista, as estratégias editoriais, as práticas educacionais e de leituras, bem como as eventuais reavaliações e transformações do discurso libertário são aspectos importantes para a compreensão das vicissitudes da militância anarquista na passagem entre um período em que as lutas operárias eram o foco maior do movimento para outro, em que as atividades culturais e educacionais se destacam como suas principais iniciativas. Doutra parte, busca-se investigar a construção da memória do movimento anarquista nas páginas de sua imprensa, buscando compreensão da auto-imagem que construíam como herdeiros e continuadores do legado das lutas sociais. Vislumbra-se, a partir desta prática militante, a compreensão de elementos definidores e característicos de uma identidade coletiva e uma cultura política anarquista, em um período em que sua militância se refazia e ensaiava novos passos, mediados, necessariamente pela herança de sua atividade no passado. |