| Diversas são as maneiras do ser humano elaborar e vivenciar o espaço geográfico, dentre estas estão as dinâmicas geográficas relacionadas à religião, responsáveis por elaborações estruturais paisagísticas peculiares e por representações simbólicas relevantes. Nesse contexto, busca-se de compreender como as dinâmicas geográficas vivenciadas a partir da representação religiosa no/do santuário de Fátima em Fortaleza – CE se dão. Para isto tomamos este lugar sagrado como “casa da mãe de Deus”, considerando a categoria “casa” como embebida de densidade geográfica e possibilidade multiescalar, se pensamos sua espacialidade no âmbito do habitar, remetendo-a desde o espaço íntimo do fiel às relações realizadas pelo santuário com o mundo (comunicacionais, educacionais, políticas, turísticas, patrimoniais etc.), tomando o bairro de Fátima como mundo imediato, próximo. Deste modo, caracterizamos estas dinâmicas geográficas mediadas pelo santuário (a casa da mãe de Deus) como verticais (relação casa – outro mundo), horizontais (relação casa – mundo) e relacionais, estas últimas efetivadas pela festas que acontecem nos dias 13 de cada mês, tendo maior amplitude nos meses de maio e outubro, datas, respectivamente, da primeira e última aparição de Maria na Cova da Iria, em Fátima, Portugal. A festa, nesse ponto de vista, é potência sócio-geográfica na medida em que reúne as dinâmicas verticais e horizontais supracitadas em momento sacro-profano peculiar e efêmero, retroalimentando e potencializando a representatividade espacial e simbólica o qual o santuário de Fátima possui. O santuário de Fátima, assim, é lugar sagrado dotado de grande importância espacial, haja vista sua representatividade nas dinâmicas geográficas que o sustentam e sustentam a religiosidade de milhares de fiéis. |