O uso de drogas é um fenômeno universal que acompanha a história da humanidade e o uso abusivo, por mulheres, de substâncias psicoativas não pode ser, portanto, considerado um acontecimento da contemporaneidade. Diante disso, chama-nos atenção o fato de que o estudo dessas ocorrências tenha iniciado apenas na metade do século passado. Não existem mais dúvidas que a drogadicção feminina esteve mascarada na maioria dos estudos realizados nessa área. Foram os movimentos sociais vinculados aos estudos de gênero e cidadania que começaram a exigir a criação de programas terapêuticos mais apropriados às demandas femininas. A literatura tem apontado que existe uma baixa prevalência das mulheres nos serviços médicos oferecidos, o que tem acarretado a ausência das mesmas nos protocolos de pesquisa, fazendo com os projetos de intervenção atendam melhor às necessidades masculinas. Este presente trabalho surge a partir dos estudos realizados na disciplina Estudos e Pesquisas sobre Drogas, cursada em 2009.1 e do trabalho de campo no Projeto Kara a Kara do Núcleo de Estudos sobre Drogas da UFC – NUCESD/UFC. Nosso objetivo é investigar a presença/ausência das mulheres usuárias de drogas nos serviços médicos oferecidos nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas – CAPSAd do município de Fortaleza. Inicialmente trabalhamos com dados secundários, oriundos dos prontuários já existentes nos referidos equipamentos de saúde, onde pudemos comprovar a baixa prevalência feminina nos serviços municipais. Diante desses dados estamos em contato com o projeto Rodas de Costura: sonhos, agulhas e realidades, atualmente desenvolvido pelo NUCESD/UFC que está trabalhando com nosso público-alvo. Os dados iniciais confirmam que as mulheres não se sentem acolhidas e reconhecidas nos serviços hoje ofertados fazendo com que abandonem ou mesmo não procurem mais tais serviços.
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