Resumos Aceitos pela PRPPG

III Encontro de Pesquisa

O COTIDIANO DAS INTERAÇÕES HUMANO-“LIXO” NO ASSENTAMENTO BOA ESPERANÇA/LAGOA DA MANGA EM ARACATIAÇU-SOBRAL-CEARÁ.

Área: Ciências Humanas
Orientador: Joao Batista de Albuquerque Figueiredo
Autor Principal: Adriana Melo de Farias
Co-Autores:
Apresentação: Oral   Dia: 20  Hora: 16:00  Sala: 14  Local: Física Bloco:924
Identificação: 2.2.05.064
Resumo:
Esta pesquisa objetivou desvelar o cotidiano das interações humano-“lixo” no assentamento Boa Esperança- Lagoa da Manga, com o intuito de compreender as práticas cotidianas que os assentados estabelecem com o espaço público e o “lixo”. Optou-se por uma pesquisa qualitativa, inspirada na etnografia, que através da observação in loco, da escuta do “outro”, da descrição dos hábitos e costumes envolvidos nas práticas com o “lixo” doméstico de três marcadores do discurso do lugar, chegou-se a uma visão de que os assentados manifestam uma amorosidade pelo lugar, revelados na valorização das lutas históricas de seu povo, assim como no sentir-se pertencente e de “umbigo enterrado a terra”. Além disso, consideram apenas a sujeira (fezes e restos de comida) como “lixo”, diferentemente da conceituação acadêmica. As fezes e restos de comida são reaproveitados, respectivamente, para adubo da terra e complementação alimentar dos animais. Esta é a matriz representacional sócio-cultural que organiza e influencia as práticas cotidianas quanto ao “lixo” produzido, sendo a mulher a gestora do mesmo e responsável pela limpeza dos espaços públicos, através da prática de varrição, que é repassada de mães para filhas e se inicia no domicílio, vai ao terreiro e se estende aos espaços públicos, configurando-se como um espaço sócio-cultural-informal de ensino. No entanto, estas tradições de cuidado ambiental frente ao “lixo” está sendo ameaçada, pois as mulheres estão se afastando das atividades de varrição, haja vista que o tempo disponível para esta prática está sendo substituído pelo trabalho assalariado na cooperativa de castanha. Sendo assim, faz-se necessário um fazer pedagógico-ambiental que privilegie os saberes e as práticas dos assentados frente ao “lixo”, com o intuito de mitigar os modos de vida subalternizantes que tornam o homem do campo mero reprodutor de práticas colonializantes.