| O presente trabalho insere-se nos estudos desenvolvidos na Linha de Pesquisa Marxismo, Educação e Luta de Classes do Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da UFC e, vincula-se ao projeto de pesquisa Trabalho, linguagem e funções psíquicas superiores na obra de Alexander Romanovich Luria, abrigado no Instituto de Estudos e Pesquisa do Movimento Operário da Universidade Estadual do Ceará (IMO/UECE). Trata-se de uma pesquisa teórico-bibliográfica, a qual discute, à luz da ontologia marxiana-luckasiana, o papel da linguagem no desenvolvimento da atividade mental na criança. Para tanto, recorremos aos estudos de Vigotski, Luria e Leontiev, fundadores da Psicologia Histórico-Cultural, esta assentada nos preceitos marxianos. A linguagem, complexo surgido no trabalho, é o meio de regulação do comportamento humano, bem como a via de transmissão do conhecimento historicamente acumulado. Partindo dessa premissa, a linguagem cumpre uma função fundamental na formação dos processos mentais e nas formas de comportamento na criança. A perspectiva aqui adotada advoga que a atividade mental da criança está, desde o princípio, relacionada às relações sociais estabelecidas com os adultos. Nesse sentido, contrapõe-se ao enfoque organicista/biologizante, que tomam esse processo como uma maturação das funções mentais. Tais funções, ao contrário, aparecem duas vezes no desenvolvimento da criança: primeiramente no plano social, como funções compartilhadas entre a criança e o adulto (função interpsicológica) e depois, no plano psicológico, como funções individualizadas (função intrapsicológica). Assim, as funções psíquicas superiores, as quais se formam nas relações entre o adulto-criança e que adiante se convertem em autênticos meios de organização da atividade mental, é que permitem ao homem ir muito além dos estreitos limites da sua capacidade física e organizar, de forma ativa e deliberada, seu comportamento. |