| A Bacia Sedimentar do Araripe apresenta excelentes jazidas fossilíferas, com fósseis bem preservados, onde se destacam as espécies de insetos. Dentre esses exemplares, um de aspecto monotípico corresponde ao maior grilóideo do Cretáceo Inferior: Brontogryllus excelsus Martins-Neto, 1991. Poucos estudos foram feitos sobre essa espécie, sendo que atualmente tem-se registro de sua descrição e redescrição. O objetivo deste trabalho é discutir a paleoecologia da espécie Brontogryllus excelsus Martins-Neto, 1991 por meio de inferências feitas através de sua anatomia. Os únicos exemplares fósseis encontrados até o momento de B. excelsus é uma tégmina, hoje localizada no acervo do Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri, e um fêmur da pata saltadora em coleção particular. De acordo com o material fóssil, o B. excelsus teria em torno de 19 cm de comprimento e uma envergadura de asas de quase 30 cm. Existem inúmeras hipóteses para seu gigantismo peculiar, mas a mais plausível é que seja uma reação natural devido ao estresse ambiental. Os insetos, quando há um aumento da temperatura habitual de determinado ambiente, comumente reagem de forma a aumentar seu tamanho, sendo que o contrário acontece quando a temperatura ambiental diminui. Provavelmente, o grande período com a temperatura elevada na região e a grande disponibilidade de alimento em torno da paleolaguna no Cariri fez com que a espécie B. excelsus alcançasse o gigantismo. O índice baixo de robustez do fêmur indica que a espécie em questão vivia numa região de vegetação arbóreo-arbustiva, pois essa característica femoral é típica de ortópteros que vivem nesse tipo de ambiente. A falta de material em melhores condições de preservação referente a espécie B. excelsus impossibilita uma análise mais detalhada sobre a mesma em questão, sendo que um estudo mais aprofundado pode revelar aspectos interessantes sobre a espécie e sobre seu habitat. |