| Esse trabalho é uma etapa da pesquisa que ora desenvolvemos junto ao Mestrado de Psicologia da UFC, com apoio financeiro da CAPES. Abordaremos a temática da escolha da neurose, de suma importância para a clínica e a teoria psicanalítica. Freud, em 1912, já nos alertava para o fato de a transferência ser um “clichê estereotípico”, no qual o indivíduo reproduziria, na clínica, circuitos que remeteriam ao funcionamento de seu aparelho psíquico e à lógica de sua própria neurose. Assim, investigações que versem sobre os fatores compreendidos na escolha da neurose, a partir dos achados empreendidos pelo psicanalista em sua prática, retornam à clínica sob a forma de inovações técnicas, contribuindo para superar as dificuldades envolvidas no tratamento das neuroses. Nesse sentido, empreenderemos um estudo das relações entre a organização da libido infantil e seus pontos de fixação – mais precisamente no que diz respeito à fase anal-sádica – e a escolha da neurose obsessiva e de suas manifestações transferenciais típicas. Para tanto, elegemos algumas obras freudianas que se mostram basilares no que se refere à questão: Tipos de Desencadeamento da Neurose (1912), A Disposição à Neurose Obsessiva (1914), Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade (1905) e Notas Sobre um Caso de Neurose Obsessiva (1909), além de outros escritos cujo teor se mostrou relevante ao entendimento desse tema. Trabalharemos a bibliografia proposta sob um ponto de vista metapsicológico, privilegiando, assim, os aspectos tópico, econômico e dinâmico. Concluímos que várias das manifestações sintomatológicas e transferenciais dos neuróticos obsessivos, tais como a tendência à racionalização, as formações reativas e a forte ambivalência estão ligadas a fixações ocorridas na fase anal-sádica da organização da libido, ao sadismo característico das etapas pré-genitais e ao fortalecimento precoce do Eu. |