O presente trabalho investiga as traduções do romance Orlando – a biography (1928) da escritora britânica Virginia Woolf para o português no Brasil. Foram analisados o discurso e a temática feministas presentes no romance, especialmente na própria figura andrógina da personagem Orlando – uma parte da narrativa, homem, outra parte, mulher. Tal androginia perpassa toda a obra, estabelecendo discursos ao longo do romance, como por exemplo, a presença da variedade de gêneros textuais que pode ser interpretada como uma metáfora da variedade de gênero sexual. Orlando foi traduzido duas vezes no Brasil: em 1948 por Cecília Meireles e, em 1994, por Laura Alves. Entendendo o feminismo de Woolf não como uma linha de pensamento “contrária” ao patriarcalismo, mas libertadora da mente humana e criativa do artista (MARDER, 1972), nosso objetivo foi, primeiramente, investigar a motivação para a realização dessas traduções no contexto brasileiro e seus desdobramentos em cada época. Para tal, utilizamos a teoria das refrações de Andre Lefevere (1992) e suas idéias sobre “reescrituras” e reinserções de obras literárias em novos contextos. Utilizamos ainda Lawrence Venuti (2002) e a discussão sobre ética em tradução e suas implicações políticas e ideológicas. Conduzimos o estudo a partir da análise sócio-política em que cada tradução se inseriu, buscando, principalmente, resenhas e críticas sobre a recepção de cada uma delas, além da análise dos próprios textos. Observamos que o discurso feminista é latente em ambas as traduções, mas a maneira que este é lido e interpretado em cada uma difere tanto pela distância temporal entre as traduções, quanto, especialmente, pela perspectiva de leitura das tradutoras. Agradecemos à Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP pelo apoio financeiro a esse estudo. |