O artigo problematiza a categoria “imprensa gay” como dispositivo de análise de publicações jornalísticas endereçadas a uma audiência gay ou não-heterossexual no Brasil contemporâneo, discutindo limites e “achados” implicados na sua utilização. Identifica-se a dificuldade de demarcar simbolicamente, sob um mesmo referencial, um conjunto de publicações com perfis diversos, num mercado cuja própria viabilidade como empreendimento jornalístico está permanentemente em xeque. Percebe-se, por outra perspectiva, que o construto “imprensa gay” permite explorar questões fundamentais de como estão em disputa determinadas práticas profissionais, processos de busca de legitimação de um campo jornalístico especializado e práticas socioculturais dos atores desse universo (jornalistas, publishers, colaboradores e leitores). Também põe em jogo a visibilidade como dimensão crucial da atuação dessas publicações e das experiências gays ou à margem da heteronormatividade. Constata-se ainda que sua pertinência como categoria analítica exige um exercício contínuo de reflexividade que considere tanto as possibilidades exploratórias do termo gay como das apropriações e dos usos deste pelo pesquisador, como parte de um processo epistemológico de nomeação cujas implicações não podem ser desconsideradas.
Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) o financiamento da pesquisa de doutorado em curso.
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