| Resumo
No Ceará, no período compreendido entre 1866 e 1888, era recorrente a anexão das salas de aula à casa das professoras devido, possivelmente, aos baixos orçamentos destinados à educação, ou seja, o local de trabalho muitas vezes era a residência da mestra. A partir de queixas contra professoras, podem-se observar as várias motivações que levavam tais mulheres a serem denunciadas e o posicionamento das mesmas. No discurso dos acusadores, as professoras deveriam ocupar seu lugar na sociedade, exercer o papel que lhe foi concebido: a “nobre missão de ensinar”. Nessa concepção, o ofício do professor deveria ser exercido por um ser altruísta, que serviria como modelo de retidão moral. A imagem do professor, à parte dos conflitos e questionamentos, é fruto de uma concepção que via o magistério como uma atividade missionária, que deveria ser exercida por quem tivesse vocação e se contentasse com baixos ordenados.
O objetivo deste trabalho é apresentar minha pesquisa de mestrado e suas principais problemáticas, dialogando com os autores que vêm contribuindo para tal. Cabe destacar que este trabalho foi iniciado a partir da análise de documentação (especificamente processos contra professoras primárias) presente no Arquivo Público do Estado do Ceará - APEC. Os processos provenientes da Instrução Pública, órgão responsável pela instrução no Ceará no século XIX, são compostos de denúncias; queixas; correspondências; ofícios assinados pelos representantes locais da referida instituição e enviados para sua sede no Liceu do Ceará, em Fortaleza, direcionados ao diretor desta instituição; respostas das professoras acusadas aos responsáveis pela Instrução Pública. Estes processos/queixas tratam de denúncias contra professoras de escolas femininas. No entanto, serão utilizadas as correspondêcias, outro tipo de documento constante no Fundo da Instrução Pública.
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