O movimento abolicionista no Ceará teve como um dos propagadores o jornal Libertador (1881 - 1892), órgão da Sociedade Libertadora Cearense, impresso e publicado em Fortaleza-CE, mas, com oferta de assinatura para o interior do Ceará e demais províncias. Participaram deste periódico os redatores Antonio Martins, Antonio Bezerra e Telles de Marrocos, tendo colaborado: Frederico Borges, Justiniano de Serpa, Martinho Rodrigues, Almino Álvares Afonso, Abel Garcia e João Lopes. Ao ler o periódico percebemos várias idéias, pensamentos e conceitos relacionados à abolição, liberdade, trabalho, desenvolvimento, progresso, nação e Estado, sendo defendidos no jornal Libertador de modo contraditório. É interessante ressaltar que esses intelectuais-jornalistas, os demais sujeitos que formavam a Sociedade Cearense Libertadora e aqueles que não participavam desta associação como o Barão de Studart, por exemplo, publicizavam pensamentos e conceitos em comum, mais a forma de defendê-los era diferente, variando de acordo com o “lugar social” ao qual estavam inseridos. Assim, podemos indicar que os grupos literários, agremiações e associações exerciam influência direta na construção e defesa dos discursos abolicionistas desses intelectuais que terão como desafio preparar um tipo de “fala” a ser inserida na lógica do periodismo cearense. Desta forma, o presente estudo almeja traçar a influência deste “lugar social”, muitas vezes o que se expressa como “não-dito” no pensamento desses intelectuais-jornalistas que formavam a sociedade cearense de 1880 a 1912. |