A estrutura de uma sentença não é suficiente para determinar o seu significado, sobretudo em charges, pois, para que haja a compreensão nesse gênero é fundamental considerar as referências do autor e do leitor. Nessa pesquisa revelamos a importância dos elementos linguísticos e extralinguísticos para a interpretação de charges sob o foco da ironia e da intertextualidade. Objetivamos perscrutar a importância da intertextualidade para a compreensão de charges e analisar a influência do discurso irônico dentro desse processo interpretativo. Além de fazermos um estudo bibliográfico dos elementos citados, analisamos a interpretabilidade de vinte leitores a partir da intertextualidade, desenvolvida por Julia Krisveva e discutida por Bazerman (2006), e da ironia como fenômeno polifônico (DUCROT, 1987). Para essa segunda parte fizemos um estudo das respostas dadas a questões propostas a vinte leitores em relação a seis charges. Analisamos a influência de intertextos para a construção do sentido e verificamos como a ironia interfere nessa construção enquanto representa a realidade, troca e interage . Após a análise, constatamos que sem o conhecimento trazido de outros textos não é possível compreender o objetivo específico de cada charge. Além disso, percebemos que todos os leitores da pesquisa têm uma noção sobre como se apresenta o discurso irônico, mas a maioria não consegue apontá-lo em charges, o que ocasionou, em alguns casos, uma interpretação não autorizada pelo texto. Ao final, concluímos que os sujeitos percebem as diversas funções de um enunciado e que tanto o linguístico quanto o extralinguístico, em diálogo com outros textos, são capazes de ativar as funções de uma situação de comunicação com base em seu propósito. Por meio dos dados vimos que é possível que o leitor interaja com o texto ao mesmo tempo em que organiza a informação e reconhece o sentido que esta representa para a sua realidade. |