| As expressões lingüísticas conhecidas como metáforas revelam uma associação mental de domínios concretos e abstratos do conhecimento; as experiências corpóreas servem de base para a conceitualização de temas abstratos, como o de violência urbana, por exemplo. Contudo, o fluxo da elaboração metafórica não sugere ser somente a nível descendente (cognição–discurso), mas também a nível ascendente (discurso–cognição), ou seja, elaborar metáforas é um jogo da interação entre os participantes de um ato discursivo, pois estes carregam o discurso com crenças e idéias particulares, construindo, desconstruindo e implementando conceitos em um ato conjunto. Logo, segundo Cameron (2007) e a proposta teórica dos Sistemas Dinâmicos, as metáforas são estruturas mentais de assuntos sociais e culturais que um indivíduo usa para causar algum efeito em outro indivíduo. O Brasil, através de suas agências de fomento, tem se preocupado em promover pesquisas que esclareçam as motivações sócio-cognitivas subjacentes a comportamentos violentos e que elaborem planos com o intuito de desenvolver soluções que possam diminuir os problemas enfrentados por cidadãos vítimas de violência. Baseando-se nisto, a pesquisa objetiva desvendar as estruturas e modelos mentais do conceito de violência urbana e verificar a dupla direcionalidade da emergência metafórica. Para tal, os estudos são realizados a partir das entrevistas com adultos vítimas diretas e indiretas de assaltos em Fortaleza. Conclui-se que o pensamento humano não é somente cognitivo, mas sócio-cognitivo, pois a emergência metafórica é condicionada pelos modelos mentais que socialmente foram desenvolvidos, e que também tornam possível a compreensão de outros e novos conceitos. A pesquisa integra um projeto interdisciplinar sobre representações sócio-cognitivas em desenvolvimento pelo GELP na UFC. Também, agradece-se a CAPES por prover bolsa que financia este pesquisador. |