Resumos Aceitos pela PRPPG

III Encontro de Pesquisa

O SERTÃO E AS REPRESENTAÇÕES DO CEARÁ

Área: Ciências Humanas
Orientador: Andrea Borges Leao
Autor Principal: Vínicius Limaverde Forte
Co-Autores:
Apresentação: Oral   Dia: 20  Hora: 17:00  Sala: 17  Local: Física Bloco:924
Identificação: 2.2.05.030
Resumo:
O intuito deste trabalho é discutir a recorrente presença do sertão nas representações do Ceará, elaboradas pelos intelectuais cearenses na segunda metade do século XIX. Tematizado na literatura, historiografia e ensaios, o sertão emerge não apenas como espaço geograficamente circunscrito, mas como construção simbólica que expressa uma relação dualista com o litoral. Ao ser designado como um lugar distante surgiram associações vinculando-o à noção de incivilizado. Isso ocorre em contraposição ao posto do enunciador/classificador que, ao efetuar tais designações a respeito do sertão, explicita, com essa classificação, uma relação hierárquica. Nesse sentido, litoral e sertão estão permeados por uma dimensão de poder político e discursivo. Para o caso cearense esse debate sertão assume contornos peculiares, pois ocorre quando inicia seu declínio do ponto de vista econômico, bem como ao se constituir um campo intelectual. A criação de uma linguagem autorizada, que procurava instaurar uma imagem oficial a respeito do Ceará, tem na proliferação das agremiações literárias um elemento fundamental. Com a criação de um ciclo restrito de homens revestidos de autoridade, advinda da posse de um conhecimento reconhecido socialmente como legítimo, dado o anseio de fazer parte do “mundo civilizado”, funda-se uma comunidade discursiva sobre o Ceará, onde sertão foi tema privilegiado. Na literatura, a seca de 1877-79 como um divisor de águas no que diz respeito às representações o Ceará e o sertão. Até então, prevaleciam romances que tratavam basicamente do passado colonial, identificando-o como o espaço do indígena e do caboclo, como nos casos, respectivamente, de Iracema e Sertanejo de José de Alencar. Já com o advento da seca, ocorrida justamente após um longo período sem estiagem, e quando a exportação do algodão ganhou grande impulso, mudando a percepção ao seu respeito.