| O período de maior manifestação da vanguarda concretista no Brasil ocorreu a partir de 1956, ano em que foi lançada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, até o início da década de 70, período em que começaram a surgir movimentos contrários ao concretismo como o próprio neo-concretismo, liderado por Ferreira Gullar. O estado do Ceará aderiu rapidamente ao movimento liderado pelos irmãos Campos e Décio Pignatari, pois, já em 1957, teve sua primeira exposição de arte concreta no Clube do Advogado Local, em Fortaleza. Porém, o que se pretende apresentar é o caráter de permanência do movimento no Ceará, visto que algumas das principais obras do concretismo cearense datam de períodos posteriores aos anos do apogeu concretista. Segundo o que afirma o crítico Antonio Candido em seu ensaio “Literatura e cultura: de 1900 a 1945”, uma literatura de permanência é aquela que, apesar de estar sendo veiculada em determinado tempo, preserva certas características de períodos literários passados ou movimentos literários que já foram superados. Esta importante noção de “permanência” ajudará na reflexão acerca de obras como A palavra e a palavra (1980), de Horácio Dídimo e Concretemas (1983), de Pedro Henrique Saraiva Leão, que, apesar de passados alguns anos, são obras que ainda apresentam poemas concretos. Através da análise de alguns destes poemas, pretende-se verificar as aproximações e distanciamentos existentes tanto entre os poemas concretos dos cearenses nos anos iniciais do concretismo, quanto àqueles produzidos pelos poetas de São Paulo e do Rio de Janeiro. O caráter religioso encontrado na obra de Horácio Dídimo, por exemplo, é uma das diferenças mais significativas quando se trata da comparação entre a poesia concreta cearense e a do Sudeste do país.
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