| Percebe-se que a identidade é constituída a partir da realidade social (BRUNER, 1997). Dessa maneira, o contexto cultural, a relações sociais e o ambiente material tem impacto na formação identitária (VIGOTSKY, 2004). Assim, segundo Sen (2001), entendendo a pobreza de forma multidimensional em âmbitos que extrapolam os aspectos monetários e repercutem em fatores sociais, políticos e estruturais, visualiza-se que os moradores de rua estão situados em uma posição que abarca a maioria dos âmbitos de privação que pobreza acarreta. Dessa maneira, tem-se como objetivo compreender como a realidade de pobreza repercute nos processos de construção da identidade. Assim, a partir de uma metodologia baseada em revisão bibliográfica de literatura existente e da discussão desses materiais, observa-se que as relações sociais são permeadas por atos de submissão e de opressão devido à distribuição desigual de recursos de uma nação (MARTÍN BARÓ, 1998); que há o reflexo psíquico dessa realidade de opressão e de submissão na vida dos moradores de rua (GÓIS, 2008); que algumas interações sociais são portadoras de significados que têm uma construção social e ideológica voltadas para anulação da capacidade de transformação da realidade do povo pobre(GÓIS, 2008); que os sentimentos de incapacidade, de resignação e de dependência fazem parte da constituição identitária(GÓIS, 2008). Conclui-se, então, que os moradores de rua podem assimilar posições servis, subalternas, fatalistas e violentas a partir da forma como são posicionados na sociedade através das ideologias dominantes e das interações e partir da forma como eles se percebem. Constrói-se, assim, uma teia complexa em que as relações de poder e de opressão são inseridas na identidade humana. Presta-se agradecimentos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES – do Governo Federal do Brasil. |