A intenção desta proposta é apontar reflexões introdutórias e algumas pistas que serão percorridas durante a construção da tese de doutorado sobre a implantação e o uso das moedas sociais nos Bancos Comunitários cearenses (atualmente, existem 51 Bancos Comunitários em funcionamento no país, sendo 17 destes no Ceará). Nesse sentido, o objetivo principal do estudo é identificar e compreender quais são elementos estruturais e conjunturais envolvidos na implantação dessas ações, com destaque para o fato de que, nos últimos anos, existem várias experiências acontecendo em diferentes países do mundo, e, no caso particular brasileiro, estas têm recebido incentivos da esfera pública estatal, por meio de convênios e projetos. Em suma, desvendar os significados das moedas locais difundidas por meio dos Bancos Comunitários, as quais possuem características diferentes das moedas oficiais, principalmente no que tange ao lastro e à circulação. Por ser este um fenômeno singular, para melhor caracterizar o objeto da análise será necessário recorrer às relações e conjugações entre diferentes saberes, como a nova sociologia econômica (SWEDBERG, 2004), a antropologia econômica (POLANYI, 2000) e a gestão social (FRANÇA FILHO, 2007). Mais do que impactos econômicos de ordem objetiva, as primeiras aproximações com o campo dão indícios de que essas experiências parecem contribuir para a criação de laços de proximidade e reciprocidade entre as pessoas (MAUSS, 2003), bem como novos formatos de circuitos socioeconômicos, ampliando o potencial para a geração de trabalho digno e de uma sociedade mais igualitária. |