| Nicolau Maquiavel, chanceler da República de Florença no século XVI é citado comumente como sinônimo de perfídia, enganação e maldade, inclusive nos meios acadêmicos, sendo associado ainda ao pensamento absolutista. Uma não tão nova interpretação do pensamento de Maquiavel, conhecida como neorepublicana, tem adquirido força na última década, principalmente com os estudos produzidos pela Escola de Cambridge, tendo como autor principal Quentin Skinner. Atualmente Nicolau Maquiavel é interpretado como um dos mais radicais defensores da república tendo o povo como principal guardião da liberdade. Uma das categorias relevantes de Maquiavel é o ‘conflito’, este teria um caráter positivo, pois através do conflito haveria o equilíbrio das duas forças sociais em questão: os ‘grandes’ e o ‘povo’. O objetivo principal desta pesquisa é compreender quem Maquiavel denomina povo. Esta pesquisa tem caráter eminentemente bibliográfico tendo como fontes principais O Príncipe, Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio e História de Florença de Nicolau Maquiavel e como fontes secundárias a obra neorrepublicana produzida no Brasil por Helton Adverse, Newton Bignotto, Ricardo Silva e Gabriel Pancera. Utilizo o ‘contextualismo histórico’ de Quentin Skinner para analisar a obra do pensador florentino levando em consideração o alcance dos conceitos debatidos à época de Maquiavel evitando assim cometer anacronismo, buscando estabelecer os limites dos conceitos utilizados, tais como virtù, fortuna, glória e corrupção. Concluo afirmando a necessidade de aprofundar o estudo da obra de Nicolau Maquiavel e sua influência na teoria neorepublicana, bem como no pensamento republicano brasileiro. O pensamento republicano surge como alternativa as teorias liberais e comunitaristas atuais. |