| O presente trabalho pretende mostrar que o diálogo Sofista de Platão, à medida que trata de fornecer uma descrição mais precisa dessa figura aparentemente tão semelhante ao filósofo, acaba por apresentar uma concepção de linguagem mais holista – e, portanto, mais sofisticada - do que aquela encontrada em diálogos como Crátilo, consagrado como uma das primeiras obras de filosofia da linguagem. Enquanto neste a questão do significado é associada aos nomes, tal que seja considerada a possibilidade de nomes falsos ou verdadeiros, naquele já se pode entrever uma maior complexidade quanto à significação. Com efeito, no Sofista, a veracidade ou falsidade é uma aferição que só compete ao discurso (logos)e não aos nomes. Ora, tudo se passa como se Platão pretendesse mostrar que é no modo de se valer do discurso que se diferencia o sofista do filósofo, tal que aquele se caracterize como um produtor de discursos falsos, enquanto este se apresente como um artífice de discursos verdadeiros. O meio encontrado por Platão para demarcar essa diferença é justamente o célebre parricídio de Parmênides, que por sua vez consiste em desmontar a tese do eminente eleata acerca da positividade do SER e a impossibilidade ontológica do Não-SER. Ou seja, Platão consegue identificar, no plano do logos, uma certa positividade do NÃO-SER enquanto outro do SER e, desse modo, validar a possibilidade epistemológica do discurso falso (do sofista), face ao discurso verdadeiro (do filósofo). A apresentação será focada nos passos seguintes ao 254-c. Uma ilustração será exibida para simplificar a compreensão do problema discutido e da solução proposta por Platão. Nela serão associadas as cinco categorias do ser descritas por Platão, de modo a concluirmos com a definição do que seja o sofista. Agradeço à Universidade Federal do Ceará pela bolsa cedida e a oportunidade de mostrar os resultados deste trabalho até o momento. |