Resumos Aceitos pela PRPPG

III Encontro de Pesquisa

VOGELSTEIN E A ESCRITURA DA VERDADE INVENTADA: CONSIDERAÇÕES SOBRE O FAZER LITERÁRIO EM BORGES E OS ORANGOTANGOS ETERNOS, DE LUIS FERNANDO VERISSIMO.

Área: Lingüística, Letras e Artes
Orientador: Cid Ottoni Bylaardt
Autor Principal: Keyla Freires da Silva
Co-Autores:
Apresentação: Oral   Dia: 20  Hora: 17:20  Sala: 20  Local: Física Bloco:924
Identificação: 2.2.08.036
Resumo:
Borges e os orangotangos eternos é um romance policial que vai além dos limites do gênero abrindo espaço para se pensar sobre alguns elementos da escrita literária. Um deles é a pretensão, ou a falta dela, no texto literário que será questionada nesta leitura. Sendo assim, este presente trabalho pretende abrir discussão acerca do fazer literário nessa obra de Luis Fernando Verissimo, tendo como ponto de partida a falsa pretensão do personagem Vogelstein em escrever para recordar a verdade. Logo no início do romance, o narrador inicia seu texto, que se trata de uma carta endereçada ao escritor Jorge Luís Borges, com um objetivo obstinado: escrever para recordar a verdade. Contudo, sua escrita não tem nada de objetivo e seu discurso é deslizante, tornando a busca pela verdade sempre distante de seu fim. Ao propor o resgate da verdade através do texto literário, o narrador compromete-a a cada parágrafo que escreve, uma vez que ele procura reaver acontecimentos passados por meio da ficção. Foram relacionadas considerações de filósofos como Maurice Blanchot, Roland Barthes, Gilles Deleuze e Michel Foucault acerca do fazer literário e, por conseguinte, sobre a possibilidade de alguma intenção nele contida. De maneiras bem distintas, pôde-se concluir que suas ideias confluem a um mesmo tipo de olhar sobre a escritura: o de que a literatura não dispõe de um poder perante o mundo e, consequentemente, a pretensão se desfaz quando o texto entra no infinito, única coisa de que dispõe. Pôde-se, dessa maneira, verificar que a pretensão de Vogelstein em retomar a verdade pela escritura perde-se, tanto no ambiente sem limites da literatura, quanto em seu próprio discurso infiel tecido durante toda a narrativa. O real desejo do personagem-narrador era fazer com que sua pretensão se perdesse no infinito mundo da literatura.