| REVOLUÇÃO CIVIL E NOVOS SUJEITOS POLÍTICOS NA CENA BRASILEIRA: ESTUDO SOBRE A ORGANIZAÇÃO SOCIAL DAS PROSTITUTAS
O período de transição democrática nos 80 foi marcado pela efervescência de diversos grupos sociais que ocuparam a cena pública e se organizaram politicamente, construindo as tensões necessárias junto ao Estado e à própria sociedade para sedimentar garantias e/ou direitos, sobretudo aqueles ligados aos direitos humanos, e para conseguir visibilidade e respaldo social necessário a este empreendimento. Paralelo a esse processo, é neste momento também que se constitui o movimento de ONG/AIDS e de organizações de grupos identitários enquadrados como ‘grupos riscos’ a esta epidemia. Esses grupos, ao mesmo tempo em que investiram no enfretamento à AIDS, começaram a apontar no cenário público suas questões específicas no enfretamento à discriminação, na luta por igualdade e reconhecimento social. Nesse contexto, as prostitutas iniciaram um processo de organização através de associações, de uma rede de articulação nacional e de instituições não governamentais. Em parte, a efervescência política e social dos anos 80 nos ajuda entender a emergência desses novos atores, ao tempo em que nos trazem a percepção de que é na dinâmica dessa revolução que se conquistam condições materiais desses grupos se sustentarem. O objetivo deste trabalho é analisar a organização social das prostitutas na emergência desses novos atores, buscando perceber que sentidos dão ao processo de organização social e política. O esforço metodológico utilizou-se de pesquisa bibliográfica em relação às referências teóricas e aos trabalhos correlatos, assim como de fontes documentais (jornais de circulação, projetos, documentos, atas, relatórios, jornais e institucionais dos grupos de prostitutas). |