| Este trabalho é parte da pesquisa de doutorado em andamento e tem por tema a questão agrária no Cariri cearense, na segunda metade do século XIX, entre as décadas de 1850 e 1890. Pretendemos analisar como os senhores, os moradores, os escravos e demais setores sociais estabeleceram suas vidas e criaram um sistema agrário na região do Cariri cearense. A relação terra-homem-trabalho assumiu vários contornos e feições no decorrer do processo histórico brasileiro e é ainda inconclusa, devendo ser analisada dentro de um quadro mais amplo. Do ponto de vista metodológico, nos valeremos da articulação entre a discussão teórica e a produção historiográfica, além do entrecruzamento com as fontes primárias que fundamentam nossa problematização, permitindo a análise do trabalho, das relações sociais e sua dinâmica e da experiência de homens e mulheres na construção de sua história. Para a compreensão da questão agrária é preciso entender a dinâmica de ocupação da terra e a relação entre sua posse e seu uso pelos homens e mulheres que viveram em determinado período e que constituíram uma formação social. Na perspectiva da História Social é preciso deslindar a estrutura social e econômica que envolve o mundo da produção, as formas de propriedade e posse, suas origens, as possibilidades de expansão e retraimento das fronteiras agrícolas, o desenvolvimento das forças produtivas em determinado contexto, as disputas, lutas, consensos e solidariedades que se estabelecem entre as pessoas. Até o presente momento realizamos o levantamento serial dos inventários post-mortem que possibilitam a análise das relações sociais de produção, a participação da mão-de-obra escrava na produção local, as formas de propriedade da terra e seu uso, o tamanho dos plantéis de cativos e as atividades econômicas presentes naquela sociedade. |