A busca pelo poder sobre um pedaço de terras devolutas, os choques contra o índio “bravio” ou a intenção de autonomia de um arrendatário em relação aos donos de terras eram constantes que podemos perceber através de uma multiplicidade de documentos como requerimentos, inventários, pedidos de sesmarias, entre outros. Tais documentos, mesmo não quantitativamente reunidos, são reveladores, muitas vezes em suas entrelinhas, de atividades e ações cotidianas dos sertanejos que circulavam pelo Sertão de Piranhas e Piancó, pertencentes à Capitania da Paraíba do Norte, durante o dezoito. Esses indícios, ao mesmo tempo, apresentam alguns traços das andanças e disputas que se davam nesse sertão, de modo fazer emergir as vozes existentes de homens e mulheres anônimas, já que não estavam presentes, necessariamente, entre os atores oficiais e portadores de poder local. Portanto, o presente trabalho pretende contribuir com o debate sobre o sertão paraibano e seus habitantes durante o século XVIII. Para isto, utilizamos os pressupostos teóricos da história social, de modo a destacar os usos que faziam do lugar, tornando o sertão um espaço construído de acordo com as necessidades de seus viventes. Assim, esse era um lugar de sobrevivência, de possibilidades de ascensão social ou mesmo um lugar de refúgio em relação aos olhares do Estado ou das grandes aglomerações demográficas dos maiores centros. |