| Com a urbanização mais intensiva no período republicano e o inchaço populacional, o problema da produção e do abastecimento alimentar passa a atingir contingentes populacionais cada vez maiores e a questão adquire relevância. Apesar de a população brasileira ter vivido o problema de escassez de alimentos desde a época colonial, somente a partir do Império e, principalmente, na Primeira República é que medidas de controle e fiscalização alimentar ganharam força. Até então, existiram somente iniciativas isoladas de fiscalização de alimentos desenvolvidas por algumas câmaras municipais, que estiveram diretamente relacionadas com as crises de abastecimento por que passava a sociedade brasileira. Nesse ensejo, o objetivo principal desta pesquisa a análise do trabalho dos sujeitos que se dedicavam a venda de gêneros alimentícios na cidade de Fortaleza no final do século XIX e início do XX. Procuraremos estabelecer relações entre o dia-a-dia destes sujeitos e as relações sociais que se constroem na cidade num período marcado pelas relações de trabalho urbano estabelecidas posteriormente à abolição da escravidão bem como pelo início do regime republicano no Brasil. Buscamos ainda compreender como estes fatores, somados a um momento de transformação e regulação das condutas e dos espaços na cidade, influíam na vida e trabalho dos comerciantes ambulantes de alimentos; dessa forma, intentamos compreender a experiência desses sujeitos e, por meio disto, a vida na cidade e o seu comércio de alimentos. Agradeço a CAPES pelo financiamento da pesquisa. |