| Nosso trabalho tem como alvo investigar na escrita de Herman Melville os quesitos relacionados às personagens, as quais possuem destaque no título de cada obra, mas nunca são narradoras de sua história. Tem sido notável, através de nosso estudo, pontos que colocam Benito Cereno, Bartleby e Billy Budd na mesma condição de muitas personagens da Literatura Contemporânea: um deles é de que são incertos em suas atitudes e em suas falas, não conduzem nem o leitor e nem as outras personagens das obras a uma direção, a uma resposta. Nesse sentido, as personagens mais insinuam do que realmente dizem, estão no limite entre o dito e o não-dito. Dessa forma, a escrita à qual Bartleby, Billy Budd e Benito Cereno dão vazão é cheia de possibilidades e não de certezas, é ainda uma escrita que parece não ter poder de negar ou de afirmar, mas que transita no limite entre a negação e a afirmação em todo o seu decorrer. Acreditamos, assim, que essa arte realista deforma o real. A escrita quer incessantemente chegar ao real, mas não consegue. Ela tenta estabelecer um acesso ao inacessível, chegar a um referente, ser tão real quanto a realidade, mas a linguagem é insuficiente e nunca consegue chegar lá, como acontece com a de Billy, Bartleby e Benito. A literatura surge, então, no espaço entre a renúncia da linguagem como registro e a busca incansável de ter domínio sobre a verdade. Para embasar nossa pesquisa, utilizamos, principalmente, as idéias do filósofo literário francês Maurice Blanchot. Fundamentamos nosso trabalho, ainda, com pensamentos de outros teóricos, como Roland Barthes, Gilles Deleuze, Antoine Compagnon, Michel Foucault e Giorgio Agamben, nos quais podemos encontrar uma maior sustentabilidade para nossos levantamentos. Agradecemos à FUNCAP por tornar o presente estudo possível, através do apoio financeiro. |