| Esta pesquisa estuda a formação do discurso alienista na cidade de Fortaleza no final do século XIX, quando surge o projeto de construção do primeiro espaço asilar para os loucos. O objetivo é entender a construção social da doença mental e do alienismo em Fortaleza no período de 1874 a 1886, assim como analisar a intervenção desse discurso na família e na sociedade. Sendo assim a metodologia utilizada são as análises dos periódicos: Cearense, Gazeta do Norte e Libertador sobre a construção do Asilo de Alienados, os Relatórios de Províncias e as obras dos alienistas que discutiam os conceitos médicos sobre a loucura na época. O resultado parcial revela que a formação do discurso médico alienista na cidade é posterior à construção do primeiro Asilo de Alienados São Vicente de Paula em 1874, pois a solicitação para sua criação parte de um anúncio da Santa Casa de Misericórdia alegando não ter espaço para atender os loucos e os pobres. As campanhas de arrecadação de dinheiro e loterias para a obra, que iria marcar o “progresso” na capital, passou por diversos problemas e foram amplamente discutidos nos periódicos da época, assim como as críticas referentes à sua construção. Outro fator importante neste mesmo recorte foi à seca de 1877-1879 que assolou o Ceará, os discursos contra os retirantes os pobres e os loucos se intensificaram nos jornais durante esse período. Mesmo com todos esses acontecimentos ainda não havia sido produzido um discurso médico-alienista, até que em 1882 foram publicadas as “Cartas sobre a Loucura”, do Dr. Francisco Ribeiro Delfino Montezuma, que explicavam sobre o que era a loucura e as monomanias, baseado nas teorias de Pinel e Esquirol. A conclusão parcial desta pesquisa mostra que o saber alienista em Fortaleza é uma tentativa de normatização moral dos sujeitos ditos perigosos como os pobres e “loucos” que perambulavam na cidade. Agradeço o apoio financeiro da CAPES. |