| O debate sobre a sexualidade tem aumentado cada vez mais, resultado de um processo que a desloca do campo biológico para o político. Na concretização de políticas públicas, identificamos mecanismos de promoção dos direitos em que cabe cada vez ao Estado a capacidade de articulação com novos sujeitos. O movimento homossexual brasileiro tem se colocado como um dos principais articuladores que se organizaram na proposição de políticas públicas. Tal como o Brasil Sem Homofobia (2004) e o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBTs (2008). Na esfera da segurança pública, destaca-se a necessidade de capacitação dos policiais. Julgamos ser necessário lançar um olhar sobre outro grupo estigmatizado, os michês. Queremos confrontar discurso da “nova polícia” com a prática dos policiais no centro de Fortaleza. Investigamos como num novo modelo de ação policial tem sido colocada a questão do tratamento a segmentos socialmente discriminados. Nossa metodologia se fundamenta na etnografia urbana e da observação participante num ponto de prostituição de michês. Em nosso trabalho, contamos com anotações do diário de campo e das conversas nos points. Nas primeiras incursões, o contato com os michês revelou haver uma ordem interna do grupo. Paralelamente, outros, tais como vigias e proprietários de pontos comerciais noturnos interferem na cena. Há um entendimento que a prostituição não é crime por parte daqueles que a praticam, e segundo estes a polícia geralmente pede apenas a documentação para averiguar se são maiores de idade. Quando se reportam aos policiais do “Ronda” afirmar que há uma relação mais tranquila. Outras forças policiais, de caráter mais militarizado, já os tratam de forma mais rígida, chegando a pressionar para que saiam das ruas. Agradecemos à Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. |