Romance publicado em 2002, Diário do Farol, é um dos exemplos da produção contemporânea brasileira. O texto conta a história de um clérigo, inescrupuloso e amoral, que tem por habitação um farol de nome Lúcifer situado em uma ilha deserta, de onde ele conta as crueldades e malícias praticadas ao longo da vida. Trama memorialística de um narrador singular, que tenta explicitamente coagir o leitor a uma verdade, confirmando-a a cada oportunidade que o discurso dá. E é dessa persuasão que este texto irá tratar, em diálogo com o pensamento de Maurice Blanchot: escritor ou ditador, de quem é a voz audível no livro? “Palavra de ordem” ou “rumor essencial”, como a confissão nos é apresentada? Não se pode chegar a conclusões, pois a própria reflexão teórica não nos permite tal tratamento ao texto literário, não sendo esse o objetivo principal, a proposta é de uma análise a partir da problematização textual, a qual se dá segundo sua leitura auxiliada ao embasamento teórico blanchotiano, tudo isso tendo em vista a contribuição crítica para a literatura pós-moderna brasileira. Esta análise não seria possível sem as discussões e os questionamentos levantados nas reuniões do grupo de pesquisa O Esvaziamento da História nas Literaturas Brasileira e Portuguesa Contemporâneas, com a contribuição da CNPQ, órgão ao qual gostaria de agradecer pelo incentivo à pesquisa e a produção de conhecimento.
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