Resumos Aceitos pela PRPPG

XXIX Encontro de Iniciação Científica

ESPACIALIDADE E SEGREGAÇÃO DO CIRCUITO DE CINEVÍDEOS PORNÔS. RELATOS DE CAMPO ETNOGRÁFICO.

Área: Sociologia
Orientador: Antonio Cristian Saraiva Paiva
Autor Principal: Erivaldo Teixeira
Co-Autores:
Apresentação: Oral   Dia: 21  Hora: 16:00  Sala: 01  Local: Didático do CC - Bloco:951, Térreo
Identificação: 2.1.34.001
Resumo:
O presente trabalho descreve o circuito de lazer erótico constituído por cinevídeos, cinemas, sex shops, saunas, bares e boates localizados no centro de Fortaleza. Utilizamos a categoria de “mancha moral” (PARK, 1976; MAGNANI, 2003) para caracterizar essa concentração de opções de lazer e entretenimento voltados para interações homoeróticas, e privilegiamos como contexto empírico do trabalho a rede de cinevídeos pornôs. Através de trabalho de campo em três cinevídeos, descrevemos usos, práticas, códigos e territorialidades urdidos nesses equipamentos urbanos. A prerrogativa de um olhar botânico, no proximal de uma etnografia acompanhante derivou questões e A hipótese analítica consiste em destacar que o centro da cidade como zona moral desqualificada e palco de sociações eróticas marginais proporciona ambientes de aceite dessas práticas, com a economia de referentes identitários relativos a papéis de gênero e sexualidade (homossexual x heterossexual, viril x afeminado, etc.). Os cinevídeos funcionariam, portanto, como “armário”, tolerante com as ambigüidades e embaçamentos identitários da clientela, constituindo, ainda, formas de resistência erótica frente ao policiamento das sexualidades. No nosso caso, fazendo ressonância à pergunta de Perlongher – seria o michê homossexual? – trata-se de perguntar: seriam esses homens, que freqüentam cinevídeos e têm interações sexuais com outros homens, homossexuais/gays? Essa conjunção do centro como zona moral desqualificada e palco de sociações eróticas marginais, redesenha a lógica dos guetos, na medida em que faz confluir um coletivo heterogêneo de práticas e sujeitos que jogam um jogo ambíguo com a (in)visibilidade, complexificando a idéia do “armário” (SEDGWICK. 2007), tal como formulado em narrativas dos informantes: “por aqui ninguém fica sabendo do que eu faço!”.