Por entender que a arte não codifica o real, que ela é descompromissada com o mesmo e ultrapassa qualquer noção de representação, o objetivo do presente trabalho é discutir uma metaliteratura voltada para a crise da representação existente no conto “Retrato de Cavalo” de Guimarães Rosa (1976). A metaliteratura consiste em a própria literatura remeter a si mesma, podendo ser de maneira implícita ou explícita. A crise da representação pode ser entendida como um distanciamento que a arte mantém do real, por meio da criação do seu próprio e de seu descompromisso com a verdade exterior, porque ela cria as suas próprias verdades. Para esta análise, no contexto metaliterário do conto em questão, procuramos identificar aspectos que distinguem vida e arte, através dos pólos de oposição finitude versus infinitude. Durante a presente pesquisa confrontamos aspectos que evidenciam a clara distinção entre a vida e a arte, como a morte do cavalo, mostrando-o como ser finito, e a permanência do seu retrato que poderia durar por tempo indeterminado, isto é, a arte vence a vida, portanto não se pode retratá-la. Dessa forma, podemos concluir que a crise da representação, dentro do contexto metaliterário, evidencia-se em todo o conto e fica bastante evidente a oposição entre vida e arte, ou seja, finitude versus infinitude, que a morte e a vida se opõem da mesma forma que a vida e a arte e, por isso, a arte não tem pretensão de imitar o real, mas criar um real que só existe no universo artístico.
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