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Este trabalho apresenta uma breve análise do conto “Anão de jardim”, de Lygia Fagundes Telles. A narrativa relata as inquietações de um anão que, em sua consciência de ser um anão-objeto, localizado num jardim, questiona a matéria interna de seu corpo e seu estado de alma, longe do vazio material. Sabe-se que internamente não é apenas um anão de jardim, mas um ser que reivindica sua plenitude de corpo e alma, um anão em estado de devir um Ser. Partindo da análise do conto, traçaremos um paralelo do estado de devir do personagem que se encontra dentro da experiência-limite - que segundo Blanchot (2007) é a experiência daquilo que falta alcançar – e as questões propostas pela escrita contemporânea. Escrever é um caso de devir sempre inacabado, sempre em via de fazer-se e que extravasa qualquer matéria vivível ou vivida. Tendo este trabalho o objetivo de situar a escrita de Lygia Fagundes Telles dentro do contexto de literatura contemporânea, selecionamos o conto “Anão de jardim” por entendermos que esse dialoga com a problemática da alteridade da literatura tendo como principio o desenvolvimento do discurso literário a partir de si mesmo, estando, desta forma, inserido em um jogo de (im)possiblidades no que se refere à busca de um sentido, de uma origem literária. Utilizamos para nossa abordagem teórica as ideias de Maurice Blanchot, Gilles Deleuze e Jaques Derrida. Os resultados prévios de nossa análise nos mostram que as problemáticas levantadas pelo personagem que dá nome ao conto estão em intrínseco diálogo com os conceitos relacionados pelos filósofos já citados em relação aos aspectos (de neutralidade, de devir e de desconstrução) de uma literatura contemporânea.
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