Em As palavras e as coisas (1966), Foucault afirma que o homem nada mais é que uma invenção da modernidade e infere daí o caráter ambíguo da épistémè moderna, posto que o homem é caracterizado como sujeito pelas filosofias transcendentais, mas também como objeto empírico no âmbito das chamadas ciências humanas. Através da análise arqueológica, Foucault realiza uma investigação acerca da diversidade dos discursos e encontra características semelhantes que norteiam a formação e sustentação desses discursos. A homogeneidade dos discursos de uma época caracteriza uma épistémè, o que leva Foucault a elaborar uma diferenciação entre a épistémè clássica, marcada pela representação, e a moderna, que é determinada pela história. Entretanto, o método de análise arqueológica exposto em As palavras e as coisas recebe críticas, e é a partir delas que Foucault irá reelaborar em sua obra A Arqueologia do Saber (1969) o sentido de arqueologia como investigação acerca das formações discursivas e suas condições de possibilidade de aparecimento e aceitação, ou seja, as condições de exercício de sua função de verdade. Dessa maneira, os discursos seriam descritos como eventos, e não mais como um conjunto de signos. Enquanto tais, discursos são práticas que formam sistematicamente os objetos de que falam. Portanto, o objetivo dessa comunicação será explicitar, de acordo com o pensamento foucaultiano, como o saber se constitui a partir de práticas discursivas, e como estas podem ser definidas de acordo com o saber que formam.
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